Inocência

Existia a casa...existia a rua...
E na casa pobre e pequena
Sempre silenciosa...sempre nua...
Existia a criança inocente
Que nunca percebia
O que todos os dias acontecia,
Estava sempre feliz, contente,
Ignorando o que de ruim e mau
Cercava seus passos...
Ela não sabia
Que os risos que escutava
Eram falsos, talvez para demonstrar
Que as pessoas que ali residiam
Sabiam o que é viver...o que é amar!
Mas, no fundo, não a conseguiram enganar.
Essa criança brincava
Com os irmãos que participavam
Dessa vida feia que os atingiu.
Brincavam com brinquedos imaginários,
Driblavam a tristeza que os rodeava...
E na mentira que inventaram
Conseguiram deixar a vida fácil
De ser vivida.
E quando essa criança cresceu
Muito depressa aprendeu
Que os falsos sorrisos
Que sempre durante a infância deu
Continuavam a povoar sua vida
E ela continuava perdida!
Tentou ser verdadeira,
Não deu !
Tentou gritar o que sentia,
Ninguém entendeu !
Tentou viver bem,
Não viveu!
Tentou, ao menos, ser feliz,
Ah...que cada um imagine
O que aconteceu!

         Elis..


 
midi: Una furtiva lagrima