Bailarina

O teatro está lotado!
E nesse palco iluminado
A dançarina

dança flutuando
Ao som de Liszt

e sua obra imortal...
E com a linda música tocando
Os rostos da platéia em transe
Não se cansam de olhar
Essa bailarina

de passos etéreos
Que, de olhos fechados,

faz sonhar
A quem a vê !
Mas, de repente,

a bailarina pára !
Lentamente desmonta,

senta-se no chão
E, com a cabeça entre as mãos,
Chora...

deixa que as lágrimas rolem !
As luzes se apagam...
O teatro esvazia...
As cortinas se fecham...
E nessa escuridão fria
Que a cerca, vem a solidão...
E ela sabe

que sempre será assim !
Abre os olhos,

as lágrimas a cegam,
E ela sabe que está só...
Nunca houve as luzes,
Nunca houve a platéia,
E essa realidade a desnorteia!
Houve sim a vontade louca
De realizar um sonho antigo:
Ser uma bailarina!
E caída nesse palco escuro
Chora pelo passado

que não existiu...
Chora pelo presente vazio...
Chora pelo futuro

que não terá!
Grita...

e só o eco do seu grito
Ecoa no espaço frio!
Ela sabe que perdeu!
É uma bailarina...

que nunca foi
Teve seu sonho apagado
Seu louco desejo roubado
E nos seus pensamentos,

dançou na vida,
E sempre foi uma dançarina
Que só seus olhos presenciaram
Até cansar...e caindo,

com a alma ferida,
Deixou de sonhar...

      
             Elis..


midi: Liszt - Sonho de amor